A tradição associativa em Portugal sempre esteve mais virada para concertar o diálogo com as entidades oficiais e menos para a prestação de serviços e apoio à formação e valorização dos empresários e diretores das empresas. Assim, a APD tem vindo a realizar um trabalho de divulgação do seu principal foco na formação e no estímulo ao empreendorismo. Não é tarefa fácil, face ao contexto descrito, sobretudo dada a necessidade em investir muito tempo em reuniões onde explicamos a especificidade do valor acrescentado da nossa Associação.
Neste momento a maior dificuldade para as empresas responderem ao previsível relançamento da economia, também estimulada pela injeção dos fundos europeus, está no saneamento financeiro e capitalização/ reforço dos balanços, bem como na recomposição das equipas de colaboradores. Paradoxalmente, mesmo com uma taxa de desemprego elevada, já se constata uma grande dificuldade em contratar pessoal com a formação e perfil adequado.
O facto da APD proporcionar uma malha de contatos entre os seus associados, entre os atores do mundo empresarial, responde à necessidade de repor cadeias logísticas, de reforçar cadeias de valor e contribuir para a reindustrialização da Europa e do mundo ocidental. Os empresários pretendem reduzir a volatilidade das decisões políticas e regulatórias e que a ação política se centre coerentemente nos temas importantes -fiscalidade, recursos humanos e quadro laboral, adequada alocação dos fundos (europeus)- que permitam programar e atuar no relançamento das suas empresas, suporte da criação de riqueza e da recuperação sustentada do emprego!
Creio que há lugar para o optimismo. De facto, a retração da atividade económica foi tão significativa que não parece difícil antecipar uma retoma da economia, em particular no segundo semestre do ano, na ordem dos dois dígitos. Em particular, nos países onde o turismo e negócios relacionados tem um peso relevante na economia -como em Portugal, Espanha, Marrocos- a retoma deste setor (cujo ponto de partida é próximo de zero…), mesmo que ainda gradual, irá “puxar” pelo emprego e pelo PIB. Contudo, não esquecer que “há muito poeira que foi escondida debaixo do tapete“ durante este ano e meio! Com o regresso ao normal, muitas feridas terão de merecer a atenção das políticas públicas, nomeadamente a recuperação da solidez financeira das empresas, reconstituição das equipas de colaboradores e das cadeias logísticas.
Atuamos num ambiente difícil, onde a concorrência é muito intensa. Por isso optamos em crescer de modo prudente e sólido, nomeadamente para não corrermos riscos de frustrar a confiança, a qualidade do serviço que prestamos aos nossos clientes. Conseguimos que a Endesa seja, não só um interlocutor que conquistou o respeito e credibilidade junto das autoridades e outros stakeolders e, sobretudo ,junto do público e clientes ,oferecendo novas soluções e produtos e garantindo o apoio ao cliente com a máxima transparência e facilidade de relacionamento.
Apesar do negócio da eletricidade e do gás ter sido afetado, é verdade que sendo essenciais para a nossa vida. Evidentemente que setores como o turismo e tudo o que gira à sua volta, são maiores vítimas da crise tal como setores industriais mais expostos a cadeias logísticas longas e complexas.
Vivemos um tempo de mudança -cultural, política, social, tecnológica, económica- e todos temos de repensar e recriar o negócio e a empresa. Instituições como a APD, neste momento realmente histórico, são mais importantes e úteis do que nunca, representando uma oportunidade para nos reforçarmos.