Sentámo-nos à conversa com Susana Tavares, Chief Commercial Officer do Vila Foz Hotel & Spa. Rodeados de requinte e sofisticação, fomos conhecer melhor o charmoso espaço na Foz do Porto, recentemente reaberto.
Comemorámos o primeiro aniversário a 1 de maio de 2020 e foi em meados de março, sequer com um ano de abertura completo, que optámos pelo encerramento. Este encerramento não nos foi imposto, mas entendemos ser o mais seguro. Digamos que foi um balde água fria. Tivemos uma época de verão muito interessante, a época de inverno também decorreu dentro das nossas expectativas, e portanto tínhamos óptimas expectativas para este verão. A questão da pandemia interpôs-se nos objectivos para o futuro, sem dúvida. Abrimos portas em meados de junho e portanto já estamos operacionais, acreditando que vamos superar este período, em conjunto. Foi uma enorme frustração para nós, que estávamos no arranque ainda com aquele esforço inicial, e portanto foi uma quebra muito acentuada.
Sentimos felicidade e alívio! Houve um congelamento no tempo e ao mesmo tempo experimentamos agora uma nova normalidade. Ainda há muitas circunstâncias das quais estamos dependentes, como por exemplo dos mercados e das fronteiras. Quanto à atribuição do selo, penso que foi uma campanha inteligente e bem-sucedida do Turismo de Portugal e nós aderimos assim que foi lançada. O facto de sermos um hotel muito recente e novo também teve vantagens, porque foram poucas as mudanças a implementar. Tivemos sim de reforçar procedimentos de higienização. A par de processos que tiveram de ser implementados, havia já ferramentas e procedimentos muito recentes e portanto, basicamente, sentimos uma necessidade de adaptação das equipas. Tivemos formação para saber lidar com toda esta situação, desde informar fidedignamente os clientes a saber lidar com um potencial caso. Temos um plano de contingência nesse sentido, de isolamento, quer do staff quer de algum cliente que possa ter sintomas. Também na restauração, que de igual forma sofreu uma redução ao nível da ocupação, tivemos de adaptar procedimentos, assim como para a utilização das salas de reuniões e do SPA, entretanto também reaberto com adaptações.
Estamos realmente na Foz do Douro, com frente de mar, e somos o primeiro Hotel nesta zona do Porto. O Palacete de finais do Séc. XIX remonta à história do Porto e, mais especificamente, desta zona em particular, que primeiro foi uma zona piscatória tornando-se, posteriormente, numa zona balnear com excelentes acessos a outras zonas, quer da própria cidade quer a territórios vizinhos. As classes mais abastadas vinham para cá desfrutar das suas férias de verão. Com o passar dos anos, acabou por tornar-se também numa zona residencial. Sempre foi muito reconhecida como zona de lazer. Mais tarde foram-se criando diversas actividades, como por exemplo os restaurantes, que existem desde os mais tradicionais aos eSpaços com estrelas Michelin, comércio local e proximidade a centros urbanos que dispõem de muitos serviços. Temos também a ligação com a praia que permite praticar imensos desportos aquáticos, como por exemplo o surf. Há toda uma experiência em torno do Hotel que transpomos e recomendamos a quem nos visita. A nossa experiência em particular, para além do Hotel propriamente dito, passa pelo SPA e ainda dois restaurantes.
Um dos nossos objectivos foi realmente abrir portas ao público local, com um enorme potencial, conhecedor da gastronomia e das restantes experiências envolventes. Desde logo quisemos que o nosso fosse um produto da Foz, deste local, e portanto fazer com que o eSpaço fosse deste público também. O Porto, de há uns anos para cá, suscitou interesse para o público português tornando-se um destino popular de escapadas. Sentimos mais o mercado português, que é naturalmente muito importante para nós. Estamos bem posicionados, na Foz que se tornou popular, e é como se estivéssemos ao mesmo tempo dentro e fora da cidade porque há muita liberdade de circulação. Recebemos dois tipos de públicos distintos. Há quem procure apenas o alojamento e pretenda visitar a cidade, ou talvez apenas celebrar uma ocasião especial. Recebemos ainda o segmento de empresas e temos ainda o público que visita os nossos restaurantes. Um dos nossos restaurantes, o Flor de Lis, é especificamente orientado ao público local. Diria até que antecipámos a abertura do Hotel com a restauração em mente, porque quem nos visita procura muita esta experiência gastronómica.
Quando o projecto foi inicialmente pensado percebemos que a oferta não era vincada nesta zona. Já tínhamos experiência de gestão de hotéis no centro da cidade e sentíamos fervilhar a vontade de explorar para além deste núcleo. O Porto tornou-se numa verdadeira porta de entrada para o país. Quando decidimos estabelecermo-nos na Foz a ideia foi pegar num edifício emblemático e transformá-lo nesta experiência. Surgiu então a oportunidade de reinventar este Palacete. Ao longo da Avenida Montevideu, onde o Hotel se insere, há vários Palacetes do fim do Séc. XIX que marcam muito a arquitectura da zona. São casas familiares com histórias riquíssimas. Sentimos que tínhamos duas principais responsabilidades. Por um lado manter e respeitar a traça arquitectónica de finais do Séc. XIX, a sua envolvência, e por outro lado associar mais unidades de alojamento e serviços para rentabilizar o investimento e criar mais valor aos futuros hóspedes. Um dos parceiros com quem trabalhámos foi o Miguel Cardoso, arquitecto que assina o projecto, e a Nini Andrade Silva que assina o design de interiores.
Foi realmente feito esse trabalho de conjugação. Criámos um edifício de raiz, com toda a modernidade, contemporâneo, nos jardins do Palacete. Este edifício adoptou contudo todos os elementos do Palacete ao estilo moderno. Fizemos restauro de mobiliário que já existia e aproveitámo-lo para a decoração, sempre conjugado com elementos novos. Na ligação interna entre os dois edifícios tentámos também que os elementos da arquitectura do final do Séc. XIX fossem transformados para o estilo mais moderno, ao longo do percurso para o novo edifício. Criámos assim harmonia, respeitando ambos os estilos e deixando bem presentes todos os elementos como por exemplo a cerâmica hidráulica, os tectos, os frescos. Na ala nova, contudo, o cliente não se sente defraudado nas suas expectativas. Oferecemos por isso o melhor de dois mundos.
A gastronomia é uma enorme aposta. Fez todo o sentido a criação de dois restaurantes, que tal como a arquitectura e o design de interiores em si, oferecesse duas experiências distintas em que ambos os espaços o cliente é surpreendido pela criatividade do chef Arnaldo Azevedo. Temos o restaurante Vila foz, de fine dining, com uma carta muito orientada para peixe e marisco, de cozinha contemporânea, de autor. O Vila Foz funciona apenas ao jantar, com todo o charme associado. Em contraste, o Flor de Lis já assume as tradições e a comida portuguesas, com uma carta, atmosfera e serviço muito descontraídos para que quem nos visite tenha as duas experiências, com contraste.