A imprensa regional tem desempenhado ao longo de décadas um papel fundamental como meio de escrutínio livre e próximo dos cidadãos. Essa missão de jornalismo plural e responsável corre neste momento risco de morte. Sem uma imprensa regional forte e independente, envolvida na sua comunidade e que aborde assuntos locais que não chegam aos meios nacionais, a sociedade ficará mais pobre e os cidadãos menos informados. Será um retrocesso na qualidade da nossa democracia.
Consciente dessas dificuldades e da sua responsabilidade como utilizador antigo e frequente da informação veiculada pela generalidade da imprensa regional, o Estúdio de Comunicação, enquanto agência e agente do sector da comunicação, entende ser seu dever dar um contributo nesta matéria.
desde o início da pandemia foram já suspensas de impressão cerca de 30 publicações regionais, das quais metade corre mesmo o risco de encerrar
Há muito que o sector dos media em Portugal vive em crise, crise essa que o coronavírus veio agravar e que só será ultrapassada com medidas vigorosas. Não se trata apenas de apoio financeiro do Estado, pois os próprios meios terão de ser capazes de se adaptar e conquistar espaço, leitores, publicidade. Mas agora, neste contexto de pandemia, é de apoio financeiro que se trata.
Segundo o diagnóstico traçado por João Palmeiro, presidente da Associação Portuguesa de Imprensa, desde o início da pandemia foram já suspensas de impressão cerca de 30 publicações regionais, das quais metade corre mesmo o risco de encerrar. Por outro lado, os títulos que continuam a imprimir diminuíram a tiragem e o número de páginas devido à incapacidade de suportar os custos de edição. Já para não falar que, a nível nacional, estão em regime de lay off cerca de 50 títulos.
O Sindicato dos Jornalistas afirmou que tem recebido ”relatos angustiantes do que está a acontecer na imprensa regional”, pelo que considera urgente apoiar o sector. Relembra ainda que, para além do problema do desemprego (estão em causa centenas de postos de trabalho), trata-se também de um problema social, porque “a maioria dos assinantes da imprensa local e regional cabe na população envelhecida de cada região, que assim ficará ainda mais isolada da realidade que a circunda”.
Sem uma imprensa regional forte e independente, envolvida na sua comunidade e que aborde assuntos locais que não chegam aos meios nacionais, a sociedade ficará mais pobre e os cidadãos menos informados.
O Governo anunciou já um apoio global à Comunicação Social, a Santa Casa da Misericórdia fez o mesmo, o Setubalense, jornal centenário, tem em marcha uma campanha de angariação de fundos. Não é infelizmente, nem de perto de longe, suficiente.
Por isso, o Estúdio de Comunicação decidiu iniciar uma campanha que permita reforçar essas iniciativas, contando com o interesse, a consciência da importância e utilidade pública para as suas empresas do tecido empresarial português. A campanha “Por um jornalismo forte em todo o país” desenvolve-se em dois momentos:
O Estúdio de Comunicação tem já em curso as acções que lhe competem no âmbito da primeira fase referida, confiante de que a razão de ser da importância e utilidade desta campanha é evidente e será partilhada por todos os envolvidos.