O presidente da Accenture Portugal, José Gonçalves, foi o orador convidado da terceira sessão do ciclo CEO Discussions, subordinada ao tema corporate value. O Teatro Thalia, em Lisboa, foi o palco escolhido para este almoço-debate, que contou com o patrocínio do El Corte Inglés, da KMPG, da Endesa e da Nortempo.
Perante uma audiência composta por altos dirigentes empresariais, José Gonçalves centrou a sua exposição na importância do conceito em discussão, particularmente na sua definição a 360.º. Na prática, é algo que exige o foco dos gestores em questões como a inclusão e a diversidade, o reskilling e o upskilling, a sustentabilidade e a inovação, num momento em que o mundo se tornou mais digital e mais ágil. Durante a sua oratória, repetiu várias vezes que “ninguém pode ficar para trás”, apelando ao envolvimento das organizações com as suas pessoas, não só por considerar tratar-se de uma responsabilidade social, como, também, porque não existe talento suficiente para os desafios que se colocam.
A estruturação do conceito de valor 360.º precisa de estar organizada para ser entendida. Neste caso, falamos de uma abordagem holística e abrangente àquilo que é o valor. As vertentes que o compõem, segundo José Gonçalves, são:
Não há nenhuma empresa que tenha sucesso no mercado sem parcerias ao seu lado a complementar a sua oferta.”
TALENTO
A Accenture realiza centenas de entrevistas por ano e é uma “grande recrutadora de talento qualificado: 80% das pessoas têm mais do que licenciatura”. Muitas das questões que os candidatos colocam relacionam-se com os valores e o propósito da empresa, bem como a experiência profissional que poderão vir a ter, a progressão de carreira, o interesse do projeto e o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal.
José Gonçalves realça que, hoje em dia, as empresas mais bem-sucedidas no recrutamento, que mais se verificam atrativas para os candidatos, são aquelas que contribuem ativamente para um mundo melhor.
Pessoas que se sentem melhor com elas próprias e que se sentem reconhecidas vão ter uma melhor performance.”
CLIENTES
Atualmente, os clientes têm rankings sobre quais são os parceiros e fornecedores que melhor cumprem as metas de ESG. E é algo natural, uma vez que eles próprios querem desenvolver negócios responsáveis, o que significa que exigem dos seus parceiros uma mesma conduta. Portanto, sem esse investimento nas componentes ambiental, social e de governança, as organizações não conseguem captar os melhores clientes.
INVESTIDORES
Em que tipo de empresas estão a ser feitos os maiores investimentos? Nas empresas líderes de ESG, “que estão na transição energética e que fazem parte da mudança do mundo”. O presidente da Accenture Portugal faz questão de exemplificar com o caso da EDP Renováveis, que, enquanto subunidade de negócio da EDP, teoricamente, deveria valer menos em termos de market capital do que a empresa-mãe, mas verifica-se precisamente o contrário.
Este exemplo mostra que as pessoas querem investir dinheiro em empresas que estejam a trabalhar, ativamente, para fazer do planeta um lugar melhor, onde se vive melhor.
José Gonçalves remata com a conclusão de não conhece nenhuma empresa de sucesso que não se esforce para contratar o melhor talento, para captar os melhores clientes e para garantir o seu capital. Se, dantes, estas questões eram vistas como algo positivo e diferenciador a fazer, porque se alinhavam com os valores básicos da Humanidade, hoje em dia são vistas como verdadeiras obrigações.