Carsharing, financiamento colaborativo, crowdfunding… termos relacionados com a economia compartilhada entraram nas nossas vidas sem que percebêssemos. No entanto, poucos sabem o real significado deste novo modo de vida. E é que neste grande “saco” cabem conceitos tão variados como conhecimento, consumo, produção ou finanças.
Popularizada nos anos 2000 pelas empresárias Lisa Gansky, Rachel Botsman e pelo empresário Roo Rogers, a expressão economia compartilhada baseia-se no uso da tecnologia em benefício próprio: graças a ela, os utilizadrores podem organizar-se para obter algum benefício, seja económico, produtivo ou cognitivo .
Entre os muitos exemplos que vêm à mente quando se fala em economia colaborativa, surgem plataformas de compartilhamento de carros como a Blablacar. Esta é uma empresa criada com o objetivo de servir de elo entre viajantes e motoristas, para que ambas as partes beneficiem da partilha de um veículo: o motorista reduz os seus custos, cobrando um preço ao passageiro, e o viajante paga menos pelo trajeto do que pagaria se viajasse de autocarro, comboio ou avião.
O Airbnb é outro exemplo claro da economia compartilhada. Neste caso, trata-se de um site que funciona como elo de ligação entre senhorios e inquilinos, o que permite que os dois grupos usufruam das vantagens. Os proprietários conseguem alugar as suas propriedades, enquanto os inquilinos gastam menos dinheiro do que se passassem a noite num hotel.
Embora essas duas empresas sejam as mais populares no mundo da economia colaborativa, há muitas outras que abriram espaço para mudar o modelo tradicional de consumo. A Uber tornou-se um dos meios de transporte mais populares nas grandes cidades. Outras plataformas como Wallapop ou Chicfy também promovem a economia circular. A primeira conecta pessoas que querem vender algo que já não usam a quem pode precisar; a segunda possibilita o mesmo, mas limitada ao universo do vestuário. Em ambos os casos, a base está na reutilização de bens.
Atualmente, as possibilidades de participar da economia compartilhada são infinitas. Existem tantas plataformas dedicadas a isso que contá-las seria um trabalho infinito. Diante desse facto, importa questionar o porquê de, a cada dia, surgirem novas ferramentas que favorecem a “economia compartilhada”. A resposta é óbvia: este modelo traz muitas vantagens. Deixamos alguns dos principais.
Mas nem tudo são rosas no modelo de economia compartilhada. Sendo um novo modelo económico, a legislação atual não contempla muitos dos casos em que a colaboração entre utilizadores entra em jogo. Basta olhar para o passado recente para recordar as greves dos taxistas contra a Uber, que foram registadas em várias cidades europeias, e como esses profissionais reivindicaram direitos por terem pagado licenças e seguros a preços elevados.
A falta de regulamentação, aliada à possibilidade de concorrência desleal, são algumas das desvantagens desse novo modelo de consumo. Além disso, a ausência de legislação leva à falta de proteção do utilizador. E o facto é que, embora a União Europeia apoie essas formas de intercâmbio, a regulamentação ainda está longe de abrigar todas as suposições que podem surgir. Pode haver casos em que a economia compartilhada seja utilizada de forma pouco ortodoxa. Já se sabe que, quando se trata de novos modelos de negócios, a controvérsia está servida.