Na esteira da pandemia do coronavírus, a motivação para o teletrabalho tornou-se um grande desafio para empresas e empresários. Esta situação originou uma tipologia de trabalhadores que se sentem solitários, isolados e sem motivação.
A coordenação das equipas de trabalho é vital, porque esta alternativa está a causar problemas de produtividade e saúde psicológica. O isolamento e a distância levaram à chamada “síndrome do trabalhador bolha”. Já existem muitos especialistas da área de Recursos Humanos que preconizam a inclusão de terapias para a criação de hábitos saudáveis na nova jornada do trabalho.
A pandemia da COVID-19 aumentou a modalidade de teletrabalho. Os dados sobre a sua incidência em Portugal, referentes ao primeiro semestre de 2020, revelam que 58% das empresas respondentes ao inquérito sobre o impacto da pandemia nas organizações tinham colaboradores nesse regime. Esta situação tem levado um grande número de empresas a apostar num modelo híbrido, que se adapte a todos os trabalhadores. Alguns deles trabalham no escritório; outros, a partir de casa.
Além da adaptação de modelos de trabalho flexíveis, ou do fornecimento de materiais para tornar a nova realidade mais confortável, muitos são os que demandam ferramentas para enfrentar o grande desafio: como posso manter os meus funcionários remotamente motivados?
As novas tecnologias permitem agilizar a comunicação entre a empresa e o colaborador. Atualmente, é possível que todos os trabalhadores estejam conectados entre si e possam colaborar em projetos ou compartilhar informações relevantes para o seu dia-a-dia de trabalho. Graças aos canais de comunicação, como chats em grupo ou videoconferências através do Zoom, do Skype ou do Slack, entre outros, a produtividade do trabalho e a comunicação em grupo são aprimoradas.
O feedback sobre o próprio trabalho reforça comportamentos positivos. Deve ser sempre construtivo e ajudar a melhorar o processo de trabalho. Portanto, adquirir esse hábito auxilia no desempenho da equipa e atinge um maior potencial. O facto de trabalhar remotamente não deve implicar uma diminuição deste tipo de comunicação, uma vez que as novas tecnologias permitem o contato contínuo.
O registo do horário de trabalho também é obrigatório no teletrabalho. O facto das casas se terem tornado nos novos escritórios não implica que deixe de se respeitar os intervalos ou registar o desempenho diário dos funcionários. Portanto, evite fazer chamadas fora do horário de trabalho ou enviar mensagens de WhatsApp inadequadas que interrompam o lazer e o descanso das suas equipas.
Em muitos casos, a síndrome de burnout (ou burnout profissional) surge quando uma meta de trabalho que queremos alcançar é quase inatingível dentro do prazo que estabelecemos para nós mesmos, associada a uma má organização. Por isso, é preciso ter tempo para dividir as ações em curto, médio e longo prazo, para que as tarefas pendentes não gerem stress. Para isso, é fundamental saber priorizar e manter a organização no trabalho remoto, sem distrações que influenciem a jornada laboral.
As atividades online fomentam o espírito de equipa da empresa, sobretudo porque cada um dos membros se encontra em locais diferentes. Gerenciar uma equipa remota não é uma tarefa fácil, e organizar atividades como o afterwork pode ajudar a gerar entusiasmo entre aqueles que trabalham remotamente. Dada a impossibilidade de realização presencial, pode optar por fazer uma reunião virtual, uma vez por semana, mantendo uma abordagem descontraída.
Ingressar numa nova empresa remotamente, sem conhecer os gestores ou colegas, não é fácil. Conseguir uma adaptação ágil e a motivação necessária pode ser ainda mais complicado para as pessoas que se encontram nessa situação. Listamos algumas das chaves que podem gerar uma melhor adaptação.
A utilização de novas tecnologias deve estar presente a partir do primeiro minuto, para promover uma comunicação real e eficaz entre o colaborador e a empresa. Uma formação online nos primeiros dias é fundamental para que o novo trabalhador conheça a empresa e possa integrar-se perfeitamente. Da mesma forma, uma reunião virtual para apresentar a restante equipa vai ajudá-lo a sentir-se parte da nova empresa.
27% dos funcionários que optam por trabalhar à distância foram forçados a trabalhar durante as horas de descanso. Portanto, se quer promover criatividade, produtividade e inovação desde o início, tem que garantir descanso e lazer. Para garantir que isso acontece, a comunicação entre a empresa e o colaborador deve ser eficaz. Assim, haverá clareza sobre quais são os horários de trabalho e os de descanso, e evitam-se interferências.
Se quer trabalhar em casa, precisa de usar as ferramentas certas. Um computador portátil com memória insuficiente, uma tela sem resolução ou uma cadeira desconfortável atrapalham o desenvolvimento de uma jornada de trabalho com resultados satisfatórios. Pode até afetar a saúde física e mental. É imprescindível que, desde os primeiros dias, o colaborador tenha toda a equipa da empresa necessária para a execução do seu trabalho. Caso contrário, uma situação desgastante será criada desde o início.
Um risco ocupacional é que o funcionário sofra stress ou isolamento desde os primeiros dias, quando mais precisa do contato com a restante equipa – com a qual aprenderá e conhecerá a dinâmica da empresa. Caso o trabalhador não se sinta parte da organização por conta da distância ou do teletrabalho, deve promover-se a comunicação para inverter esse sentimento. Novamente, as tecnologias desempenham um papel fundamental neste passo.
Em suma, a motivação em teletrabalho é fundamental para evitar a solidão e a monotonia. Esta modalidade oferece um grande número de vantagens, como flexibilidade de horário e redução de despesas; além disso, favorece a conciliação entre família e trabalho. Assim, o empregador deve garantir que o trabalho remoto oferece uma experiência satisfatória, ou acabará por ficar sozinho no “novo normal”.