O teletrabalho já existia antes da crise pandémica, mas foi em 2020, por força da Covid-19, que se tornou prática habitual para a esmagadora maioria das empresas. Quase de repente, e até de forma precipitada, os trabalhadores cujas funções podiam ser desempenhadas remotamente passaram a ficar em casa. Durante largos meses, a agitação do trânsito acalmou drasticamente e a lotação dos escritórios diminuiu de forma notória.
Atualmente, tendo em conta os alívios que o início da vacinação veio trazer, ainda há quem esteja a trabalhar em tempo integral nesse regime. E mesmo quem não está, ocasionalmente tira partido do modelo híbrido e permanece no domicílio em pleno exercício das suas funções laborais. Num cenário em que o pós-pandemia começa já a avizinhar-se, vale a pena olhar para os impactos ambientais do teletrabalho. Será que temos alguma coisa a aprender, com esta pandemia, sobre a forma como tratamos o planeta?
Com o trabalho remoto, em particular a partir do domicílio, reduzem-se as deslocações e a circulação de transportes. Evidentemente, essa redução é sinónimo de um menor número de carros e autocarros nas estradas, o que, por sua vez, assegura menos congestionamentos. Assim, a quantidade de gases de efeito estufa que é libertada para a atmosfera também se torna assinalavelmente menor.
Continuando a cadeia de análise, rapidamente percebemos que o uso de combustíveis fósseis, ainda predominantes nos meios de transporte privados, também diminui. O mesmo acontece com a poluição atmosférica, cuja redução apresenta, ainda, mais impactos positivos no meio ambiente:
Embora faça todo o sentido que um lockdown como aquele que aconteceu em 2020 resulte numa acalmia da violência ambiental, há estudos que comprovam a necessidade de uma visão integrada sobre o assunto. Continuam a existir muitas incertezas e ambiguidades.
Claro que o teletrabalho resultou em menos deslocações, algo que, como sabemos, era feito pela grande maioria das pessoas, no mínimo cinco vezes por semana. Mas existem outros efeitos que podem chocar com esse, por exemplo:
Também existem fatores sazonais, pois o teletrabalho não é compensatório em termos de economia de energia em todas as estações do ano. Certamente, existe uma oscilação de vantagens e desvantagens que depende da eficiência energética, do uso de ar condicionado e de aquecimento, bem como do sistema energético de cada país.
É importante relembrar que o teletrabalho não se resume às emissões poluentes. Além da questão ambiental, há outros fatores a considerar para que possamos ter uma visão informada deste regime, como a socialização, o tempo livre, os novos gastos energéticos no domicílio e a diferente lógica de deslocações. Ainda assim, é realmente notória a acalmia em que, globalmente, as sociedades entraram devido ao lockdown. E é também impressionante como, a nível ambiental, esse fenómeno trouxe grandes vantagens para o planeta; devemos aprender com elas e tentar que não se percam na era pós-pandémica.
Os governos e as empresas devem acompanhar os impactos ambientais do teletrabalho. Através dessa análise, poderão preparar-se para implementar mudanças, levando em consideração as especificidades de cada região, das economias locais e fornecedores de infraestrutura, e de cada negócio.
Um estudo sobre os impactos ambientais do teletrabalho, desenvolvido pelo Carbon Trust e patrocinado pelo Instituto Vodafone para a Sociedade e Comunicações, deixa algumas recomendações sobre a maneira como os governos e as empresas podem atuar neste cenário: