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Visão RH: o futuro do trabalho é a reinvenção constante

O departamento de Recursos Humanos é considerado fundamental na estrutura empresarial, desde os quadros mais basilares aos cargos de topo. Como consequência do cenário pandémico, este departamento revelou-se ainda mais decisivo no funcionamento das organizações. Sem uma boa gestão de pessoas, não há inovação, trabalho ou crescimento intelectual; ou seja, não há empresas. E o futuro do trabalho passará, mais do que nunca, pela inovação, pelo desenvolvimento das pessoas e por uma constante capacidade de reinvenção. 

Sabendo que as tendências empresariais apontam para uma lógica de adaptação permanente, nomeadamente ao nível do exercício de funções e, até, das próprias profissões em si, percebemos porquê que ferramentas como o reskilling e o upskilling são cada vez mais adotadas pelas organizações. E as lideranças, não limitadas ao departamento de recursos humanos, precisam de apostar neste tipo de soluções numa tentativa de requalificar e integrar os trabalhadores, para que estes se possam ir adaptando à evolução dos modelos de trabalho e para que continuem a ter um contributo considerável na empresa.

O envolvimento positivo do talento na empresa

Nuno Cardoso Filipe, diretor de Pessoas e Organização do Banco BPI, realça a constância do ritmo de atualizações e transformações a que o mundo dos negócios, cada vez mais suportado pela tecnologia, está sujeito. Por consequência, os grandes desafios que se colocam às organizações são, na sua análise, “o de sincronizar a evolução do conhecimento das pessoas com as transformações que estão a acontecer e o de reajustar as suas estruturas humanas às novas necessidades do negócio”.

Nesse processo de reajuste e reinvenção, é fundamental que as pessoas continuem a sentir-se integradas na organização. O desenvolvimento de novas competências e conhecimentos por parte dos trabalhadores deve ser fomentado internamente, mas nunca para promover um sentimento de inadequação ou incapacidade. O que se pretende, de facto, é que exista uma reorientação dos recursos humanos da empresa para áreas funcionais emergentes.

Eunice Pereira, Gestora de Recursos Humanos da Jofebar, subscreve esta ideia de que o talento tem que estar envolvido na organização. Vai mais longe e defende que deve ser dado espaço ao empowerment dos funcionários, ou seja, que existam condições para que estes possam munir-se de novas competências e ferramentas de forma a fazer frente aos desafios profissionais que vão surgindo. Essa mentalidade vai dar frutos não apenas ao trabalhador, mas também à própria organização, que passa a contar com um membro mais informado e capacitado para o exercício das suas funções.

Mais do que nunca, torna-se crítico conhecer e alavancar o verdadeiro potencial com que a empresa pode contar.

O upskilling e reskilling são, assim, cada vez mais importantes no mercado de trabalho. E é precisamente nesse sentido que os RH têm um papel crucial, pois são os trabalhadores de hoje que vão permitir um “amanhã” mais sereno para as organizações, no qual não sofram com a escassez de talento. Nuno Filipe acrescenta que, para garantir alguma chance de êxito nesse trajeto, é essencial que se aposte numa dinâmica organizacional que permita agilidade nos ajustes orgânicos e na disseminação de uma cultura corporativa de curiosidade e aprendizagem contínua.

Relativamente aos ecossistemas de aprendizagem, o representante do BPI acredita que a fórmula do sucesso passa pela personalização dos mesmos a cada funcionário.  As oportunidades apresentadas pela empresa devem acompanhar o percurso daquela pessoa, dando-lhe a abertura e a flexibilidade de aprender quando, como e onde quiser. Adicionalmente, estes ecossistemas devem, também, estar “abertos ao mundo”, permitindo que neles coexista conhecimento interno à própria empresa e, simultaneamente, outros conteúdos externos (artigos, vídeos, e-learning, etc.).

Conceitos como o reskilling e o upskilling surgem como metodologias que procuram dar resposta a este processo de sincronização das organizações com a mudança.”

Profissional do futuro: além da reinvenção

Com tantas alterações, mudanças e desafios inesperados, o que se pode almejar face ao profissional do futuro? Primeiramente, e como analisa Nuno Filipe, é preciso ponderar a hipótese de o profissional do futuro ser, já, o profissional do presente. Isto porque, atualmente, já existe um diálogo franco sobre a necessidade de reinvenção, agilidade e flexibilidade, tanto por parte das empresas como dos profissionais que as constituem. Portanto, não perdemos nada em olhar para os trabalhadores de hoje como parte da solução vindoura.

A respeito das competências propriamente ditas, e indo além das “fortes qualidades técnicas” que o diretor de RH do Banco BPI assinala como imprescindíveis, o profissional do futuro deve ter sede de aprendizagem. A curiosidade intelectual garante um funcionário interessado e motivado, bem como preparado para enfrentar as inúmeras transformações que vão decorrer ao longo da sua vivência na organização. Também deverá ter um perfil criativo, inovador e colaborativo com todas as áreas e pessoas da organização com quem se relaciona, até para alavancar o processo de reinvenção que é transversal a todos os membros e à própria empresa.

Eunice Pereira, complementarmente, menciona a combinação de hard skills e soft skills. Na sua análise, independentemente do cargo ou da função, a necessidade de saber fazer e de saber estar “é fundamental para a evolução e sucesso profissionais”. Em particular, a gestora de RH destaca a inteligência emocional, uma competência que, segundo defende, pode ser desenvolvida quando se pratica o autoconhecimento, já que envolve o reconhecimento e a avaliação das próprias emoções e das dos outros.

Num ambiente onde a produtividade e o bem-estar das equipas importa diariamente, o bom relacionamento interpessoal é essencial para que a atmosfera vivida no local de trabalho seja saudável e estimulante. Por isso, saber controlar e expressar as emoções de forma adequada é uma mais-valia considerável no mercado de trabalho.

Por último, a representante da Jofebar realça a criatividade, à semelhança de Nuno Filipe. A dinâmica do mercado atual exige que os colaboradores se mantenham sintonizados com tudo aquilo que pode alterar, positiva ou negativamente, a organização. Como tal, é muito importante que os recursos humanos das organizações se mantenham atualizados sobre as suas áreas de saber e que se desafiem a pensar “fora da caixa”.

Não basta pensar e fazer o básico, é preciso ir além. Novas ideias e dinamismo são sempre bem-vindos.”

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